Dono de uma voz inconfundível e prestando serviços à comunidade buritiense durante 36 anos, Renaud Soares da Silva, ou simplesmente “Renor”, entrou para história de nossa cidade destacando-se como nosso mais importante comunicador. Sua trajetória no ramo da comunicação iniciou-se em 1976 quando montou um bar, a extinta “Merenda”, e para atrair mais clientela decidiu instalar um serviço de som, eram as chamadas amplificadoras ou boca de ferro (começou com uma única boca). Naquela época, segundo ele, as coisas eram bem distintas de hoje até mesmo a geladeira que usava funcionava a querosene, um tempo em que quase ninguém possui rádios ou vitrolas, ouvir músicas era algo que não fazia parte da realidade de muitos.  
     Depois que fechou o bar, nosso personagem transferiu-se para o mercado público da cidade e lá passou a trabalhar com eletro-eletrônicos, porém não deixou de fazer o que mais gostava que era o serviço de som, nos contou que passou a usar duas bocas ampliando o alcance, comentou que fazer publicidade não era comum, a grande sensação era atender a solicitação dos ouvintes que pediam e ofereciam músicas para os amigos ou namoradas. Quando teve que sair do mercado, “Renor” mudou-se para a extinta Churrascaria Pavão do saudoso amigo Lula, lá utilizando-se de uma carnaúba colocou suas “bocas de ferro” ainda mais altas e melhorou muito o alcance do som.
     Finalmente veio a primeira torre de FM da cidade e nela foram colocadas quatro bocas que ficavam a 20 metros de altura, aquele período foi o ápice de sua atuação, a “Voz Mais Potente da Cidade” chegava aos quatro cantos do município, sendo ouvida até mesmo do outro lado da lagoa, disse ter ouvido vários relatos de trabalhadores das plantações de arroz que esperavam o início de seu programa para ouvir as músicas que eram tocadas, lembrou também que foi nesse período que algumas pessoas começaram a se posicionar contra o serviço de som, bem como seus deslizes gramaticais, disse ser conhecedor de suas limitações pois não teve oportunidade de estudar como gostaria, porém sabia também da importância do serviço de utilidade pública que prestava ao povo de Buriti dos Lopes por isso não se incomodava com as críticas.
     O mês de agosto de 2009 marcou o fim de sua atuação, e depois de longos anos de total entrega teve que parar de exercer a atividade mais prazerosa de sua vida ,  visivelmente emocionado diz encontrar conforto lembrando das inúmeras pessoas que ajudou a encontrar seus pertences (chaves, documentos, dinheiro, etc…) ou das várias campanhas que realizou para angariar cestas básicas para os mais carentes, ou mesmo conseguindo passagens de ônibus para trabalhadores que o procurava pedindo ajuda pra se deslocar pros grandes centros em busca de trabalho. Finalizou nos informando que ainda hoje é comum a cobrança das pessoas para que volte às suas atividades, até mesmo muitos críticos de outrora já manifestaram o desejo por seu retorno, concluímos questionando: Quem nunca parou seus afazeres, desligava a TV ou o radio quando ouvia a música de Roberto Carlos (Com o Terço na Mão), para saber quem havia falecido? É, infelizmente só costumamos valorizar as coisas quando as perdemos. Fica nosso agradecimento e reconhecimento ao cidadão Renaud por sua participação e colaboração para a construção de um capítulo em nossa história.