O Desembargador Sebastião Ribeiro, reconhece na sua decisão que o Estado não cumpre com a lei do piso 11.738/2008. Sua decisão foi no sentido do retorno das aulas para não perder o ano letivo. A decisão proferida sobre a greve da educação no estado do Piauí, não resolve o conflito entre governo e trabalhadores em educação, uma vez que é incompleta, pois decide apenas pela suspensão da greve, sem determinar que o governo cumpra com a Lei do piso, mesmo reconhecendo que a proposta do governo é inferior ao piso.
     Embora seja praxe a frase “A justiça é cega”, o que se observa, principalmente nas últimas decisões que se acompanha na mídia, é que ela defende apenas os interesses dos ricos e apoia a opressão dos mais pobres. A fala do desembargador de que a educação é um bem essencial e de altíssima importância para a população entra em confronto com o valor a que é dado ao profissional que garante este direito.

     A greve iniciou no dia 27 de fevereiro, e após muitas negociações, o governo nuca se propôs a pagar o piso, a Presidente do SINTE, Odenir, viajou até Brasília para provar para a justiça que o Piauí possuía condições para pagar o piso e às apresentou na última reunião entre o sindicato e o governo, sem sucesso. Na sexta-feira, o desembargador citado acima, ordenou que os professores voltassem a trabalhar.

     Se a educação é tão importante assim, porque uma lei Federal que decide pelo melhor pagamento dos professores não precisa ser praticada pelo Governo? Porque somente os professores devem obedecer a lei e garantir o direito a educação? Qual a diferença entre o governo e a classe de trabalhadores na educação?
     O secretário da Educação, Átila de Freitas Lira, em seu pronunciamento sobre o fim da greve, afirma: “Quem teve os maiores prejuízos com a greve foi a população, que via seus filhos fora de sala de aula. A declaração de ilegalidade não significa que cessaremos nossos esforços de negociação com a categoria. A formação e a melhoria salarial sempre foram prioridades do governo e vamos continuar seguindo esta linha de ação, sempre buscando o diálogo”.
     Tão certo ele está de que a população foi a prejudicada, que pode acrescentar a estes os professores, que nada ganharam além da ameaça do Desembargador de pagamento de multa de R$ 20.000 por dia, se a greve continuar. Mas e o Governo, o que perdeu? Nada. Pois para ele pouco importa o que acontece com a educação no Piauí. Para ele, uma boa educação se faz com profissionais com o menor salário do Nordeste. Para este Sr. Governador, não é interessante cumprir a Lei que obriga o pagamento do piso, o importante é garantir um aumento de 60%, na indenização dos Deputados estaduais do Piauí (que neste ano aumentou de R$ 50.000,00 para R$ 80.000,00, conforme investigação do fantástico). Se o estado é tão pobre que, mesmo com ajudo do Governo federal, não pode pagar um aumento de 22% para os professores, então porque aumentar estes outros salários?
     Para esclarecimento da população, o estado paga R$ 577 para um professor contratado cuidar da educação de nossas crianças. Que valorização é essa que o Sr. secretário de educação está falando?
     É ano de eleição, muitos candidatos aparecerão em nossas casas falando em valorização da educação. Aproveitem o momento e façam a pergunta: Que valorização da educação é essa? Se nós não lutarmos pela boa educação de nossos filhos, não espere que o poder executivo e judiciário se preocupem, porque eles já provaram que não.