O mês de junho chegou e como de costume há algum tempo atrás em muitos lugares deste Brasil deveriam chegar também as quadrilhas, o bumba meu boi, fogueiras, comidas típicas, simpatias para Santo Antônio entre outras  características peculiares deste período que faziam os olhos brilharem,  o ouvido embalar-se em  ritmo gostoso e contagiante, o coração palpitar de alegria,  simplesmente por estarmos inebriados e envolvidos nas comemorações das “festas juninas”, que como diz o nome, só se realizavam  neste  mês, fazendo dele um dos  mais comemorados e divertidos do ano. Porém o que se percebe é que ocorreram grandes mudanças e atualmente quando chega o mês de junho nem sempre vêm junto às tradições e comemorações esperadas outrora, havendo somente a nostalgia das mentes mais saudosas que insistem em relembrar os bons tempos vividos no mês mais “festeiro” do ano.

     As tradições e costumes juninos estão desaparecendo em alguns lugares e muitos clamam o porquê do ocorrido, porém sem observar que existe a necessidade do incentivo à cultura local para sua sobrevivência, como a oferta de oportunidades e apoio para os organizadores de quadrilhas e brincadeiras de bumba meu boi demonstrarem seu talento, a organização de festivais para competições ou premiações incentivando maior empenho e dedicação dos brincantes ou simplesmente a criação de momentos de apresentação, tão comuns no passado, quando moradores  convidavam o “boi” para dançar no seu “terreiro” e encantar as crianças, gestos tão pequenos mas capazes de transformar  uma localidade  e a vida de seus habitantes, fazendo dos idealizadores destes projetos pessoas motivadas e envolvidas no que fazem, capazes de demonstrar no brilho do olhar a satisfação do reconhecimento e o desejo da continuidade da festa nos anos seguintes.

     Neste mês comemoram-se também as fogueiras de Santo Antônio, São João e São Pedro, maravilhoso momento de confraternização com familiares, vizinhos ou pessoas queridas, onde ainda muitos se sentem na obrigação de deixar os compromissos de lado, pedir um descanso da vida corrida e tornar a mente vazia por alguns instantes, apenas escutando o barulho das faíscas no ar, a felicidade das crianças, as estórias dos mais velhos e relaxam saboreando os assados e os pratos nordestinos, “jogando palavras ao vento” e entregando-se ao calor da amizade, vivendo o presente precioso e curtindo o prazer e a alegria revigorantes, tão característicos da época.

     Que bom seria se nossa cidade cultivasse a cultura de outrora, quando as pessoas ainda realizavam casamentos de brincadeira à luz do luar, os jovens “passavam fogo” durante as fogueiras, tornando-se padrinhos ou madrinhas fictícios mas que simbolizavam respeito e consideração pra toda a vida. Que bom seria ainda se o mês de junho muitas vezes não se resumisse à solta exagerada de bombinhas ou a organização de festivais que acontecem em julho. Acredito que muitos moradores de Buriti dos Lopes ainda possuem em seu íntimo a saudosa lembrança do quanto é bom deliciar-se nas comidas típicas, dançar ou assistir as quadrilhas, ouvir o tambor do boi passar e querer acompanhar , observar os pequenos chorando de medo ou simplesmente apreciar os lindos “festivais juninos “e poder gritar o mês de junho chegou!!