O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma militância política muito forte seja pela sua trajetória sociopolítica desde a década de 1970 a frente de sindicatos e na luta contra a opressão imposta pela Ditadura Militar, seja pelos oito anos a frente da presidência da República, época única na história do Brasil em que as classes sociais tiveram um olhar diferenciado. Uma punição hoje para o petista estaria dentro da legalidade, mas considerando o cenário político torna-se uma atitude imoral.

     Quem sempre apostou que o Lula: “analfabeto”, “nordestino”, “invasor de terras produtivas”, eterno oposicionista de partidos ditos de direita e agora “chefe de uma organização criminosa” pode está fazendo um julgamento antecipado e impedindo que se analisem os fatos seguindo uma lógica de um cidadão comum, já que para um julgamento correto, dentro do rito, o Lula é tão comum quanto qualquer outro sujeito.

     O papel da imprensa é de informar os fatos, trazer opiniões de especialistas, lutar pelo direito de livre expressão e alertar a sociedade de práticas antidemocráticas que firam os direitos individuais. Até então o que se observa em toda a investigação sobre o Lula e a Família dele, sobre o esquema da LAVA-JATO, a ação do ministério público e a participação da imprensa tem tido um olhar muito mais político do que de crime financeiro ou contra a ordem democrática em sua amplitude. Se assim continuar com esse viés, o efeito poderá ser o contrário do que esses aparelhos pretendiam alcançar.

     Dificilmente a sociedade esquecerá os escândalos que o Governo do PT e de seus aliados está metido. A justiça deverá certamente condenar pessoas envolvidas, dentre outros motivos, pelas proporções que a coisa tomou, principalmente, pelo olhar da imprensa. Essa situação criou naturalmente um direito de resposta supostamente pedido pela própria sociedade, o que a imprensa acha como direito de resguardar.

     No entanto, o foco e a associação direta e imediata entre, por exemplo, os desfechos de cada fase da investigação e os números da economia, os preços de combustíveis, cotações das moedas estrangeiras, fugas de capital estrangeiro etc, são estratagemas que funcionam para aumentar o coro de revoltados contra o Governo do PT e plantar na mentalidade de leitores e expectadores “medíocres”,na visão Machado de Assis, uma verdade sem contestação.

     Está em discussão até junho deste ano de 2016, através de debates e ideias de todos os segmentos da sociedade, a Base Nacional Curricular Comum- BNCC. Este é um documento de maior importância para todo o território nacional quando o assunto é educação, diversidade cultural e regional, é o futuro das nossas propostas de ensino. Quantas vezes os veículos de comunicação de massa como a TV e o Jornal noticiaram alguma fase deste documento, alguma reunião com as autoridades competentes e delegadas regionais e posteriores ações das pessoas envolvidas. Pouquíssimas vezes e para críticas apenas, pois é um documento que deu ouvido aos professores, educadores, especialistas, entidades sociais etc.

     Falar de educação não é falar de política partidária, suja, é falar de políticas públicas para a sociedade que exige mudanças em seu modo de ser, entretanto estas não geram o ibope desejado. Falar da corrupção é mais vantajoso, cômodo, principalmente, quando se é oposição. O Lula continuará sendo o Lula de sempre se não por ele mesmo, mas pelos milhares de cursos criados, pelas universidades para os pobres, pelos doutorados e mestrados, pelo piso nacional de educação e pela liberdade da polícia Federal de prender bandidos de colarinho branco, rosa e vermelho.

Texto: Professor Fernando Liberato

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