À espera dos 180 dias

Publicado por Gildazio em 31 maio 2016

      A atual cena política brasileira entrou para os capítulos dos livros de história como um período único, seja pelos acontecimentos envolvendo as investigações em corrupção generalizada que assola principalmente o governo do PT e de seus aliados inclusive os ex-aliados como o PMDB, seja pelas possibilidades de mudança e o envolvimento da população com a política e suas nomenclaturas.

           O momento que vivemos é tão impar que faz relembrar a 3ª série do antigo primário lá pelos idos de 1995 quando nos eram ensinados os três poderes: o executivo, o legislativo e o judiciário. Diziam os livros didáticos de estudos sociais o que cada poder representa, mas faltou às nossas professoras dizerem, ou se disseram não lembramos que estes poderes devem ser harmônicos e independentes e que eles são a base de qualquer democracia consistente e madura.

       Qual o papel do cidadão comum, que assiste pela ótica da imprensa principalmente televisiva, a conjuntura que se desdobra a cada dia no congresso nacional? Como determinados termos e nomes passaram a ser proferidos e se tornaram jargão até mesmo entre as pessoas que estão inertes à política, ou mesmo sem escolaridade. Nomes como impeachment (impedimento), delação premiada, coalizão, admissibilidade, quórum, Sérgio Moro,  , Lewandowski, Janot, estão na ponta da língua do povo nas ruas. O saldo disso tudo será muito bom para a democracia, pois em um país com um sistema representativo e compulsório como o nosso, ficará cada vez mais difícil implantar medidas e tomar decisões sem antes consultar a opinião pública majoritária.

           Até onde chagará esta situação na política brasileira. Os mais otimistas apontam para uma mudança nos próximos meses, se der certo é mérito do novo governo, se não der certo é culpa do PT. Em nome da culpa de alguém os discursos vão sendo construídos, as reformas vão sendo deixadas de lado, a acomodação de aliados vai se costurando na esperança de um avanço no mercado e na economia.

            Como a crise tem afetado a todos? Mas será o que é mesmo crise? Crise de relacionamento, crise partidária, crise entre as casas legislativas e judiciária, crise política e crise econômica.

            Por que Dilma caiu? Ela é turrona, ex-funcionária de carreira, intransigente, é mulher, é do PT, está no poder há 13 anos, fala ruim, discurso fragmentado, não negocia como Lula. Tudo isso é verdade, mas insuficiente para derrubá-la como foi feito. Pedaladas fiscais, o que são? Quanto custaram? Essa é desculpa pela qual Dilma caiu. A historinha de prévia autorização do Congresso para a aprovação de recursos se tornou uma carta na mão para o embasamento de juristas contra o governo já que denúncias e escândalos como os da  lava Jato não servirão de provas. Esta sim seria um motivo para a cassação dela e porque não esperar o desfecho desta operação que também já entrou para a história nos livros didáticos.

            A frase Pátria Educadora cede lugar à de Ordem e Progresso, da Bandeira Nacional. Temer é professor, de aspecto pálido, jurista, versado em política, com aceitação no meio político, impopular, comedido nas palavras, ajudou a corroer o próprio governo com doses de veneno a conta gotas. Hoje articula com a oposição, com o PSDB, o DEM, o PP entre outros. Se colasse como tentou, a bancada evangélica teria indicado o Bispo Macedo para o ministério de Ciências e Tecnologia, um contrassenso até mesmo entre os aliados. Porque um senador faltou para a votação da admissibilidade do processo de Dilma já o ameaçaram de não nomeação em um ministério.

           A coxa de retalhos de 32 ministérios se desfaz em números, mas e em pessoas? Quando abandonou o barco Dilma, o PMDB perdeu 600 cargos, mas será que a imprensa vai dizer quantos agora foram criados ou mesmo cortados e o custo deles para o país?

             Vamos esperar alguns dias e meses para o Governo ter um novo rumo. O Governo anterior dificilmente sobreviverá aos 180 dias ou menos de julgamento, até a sua saída, o povo espera algumas mudanças consistentes, do contrário a sina do PT de oposição ferrenha e eterna vigilância voltará como nunca. Isto é um fato.

Imagem da internet

2 Replies para “À espera dos 180 dias”

  1. Avatar Hermann Diniz disse:

    Parabéns Professor Fernando Liberato, seu texto está uma preciosidade. Verdadeiramente o Brasil está sofrendo de uma “SEPTICEMIA” na esfera Política, Administrativa e Financeira. O País somente se recuperará com tratamento de choque, e esse remédio se chama “VOTO CONSCIENTE”.

  2. Avatar Euvêncio José do Val disse:

    A organização politico-administrativa do nosso país necessita passar por um processo de reorganização hierárquica e as principais mudança deve ocorrer na quantidade de deputados e na extinção da figura do senador, já que o chefe de Estado é a figura do Presidente e os ministros representam os chefes de governo, então para serve a figura do senador? e para que tantos deputados? Segundo o índice de Gini que mede o nível de corrupção os países menos corruptos tem poucas pessoas à frente de sua administração.

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