O papel das redes sociais e a política

Publicado por Gildazio em 23 julho 2016

              

        A livre manifestação de pensamento político na internet por meio das redes sociais sofre os efeitos danosos dos interesses pessoais, que vêm contrariamente antes dos interesses coletivos. O que era para ser um lugar onde você expressa suas vontades, aspirações, desejos, “seu besteirol” , piadas, conversa com amigos, ver vídeos e principalmente um lugar para você rir, tornou-se praticamente um campo de batalha sem ideologias consistentes.

        De um lado surgem os defensores e de outro os aduladores. Normalmente eles trocam de funções de acordo com as circunstâncias e o transcorrer de seus interesses, se são agradados são defensores; se são prometidos são aduladores. Nesse momento surge o papel da internet como um campo de batalha e mediador das confusões e conflitos épicos. Todos esperam alguém começar o conflito para tomar  partido e exercer suas funções. Há os entrincheirados que estão de sobreaviso para comentários mais pesados e ofensivos para um lado; há os que se servem de isca para atraírem o “inimigo” e deflagrarem os embates e há ainda os pacifistas que levantam a bandeira entre os povos querendo agradar gregos e troianos, o que as pessoas popularmente chamam de “encima do muro”.

           As redes sociais são recentes quando o assunto é política, mas exercem um papel hoje praticamente decisivo em uma eleição, tanto que candidatos têm plataformas eleitorais baseadas também no público que acessa  sítios, blogs, e outras ferramentas. No entanto, uma discussão passa a ser levantada. Qual o papel que uma pessoa alheia a essas redes, e há muitas pessoas ainda, exerce na divulgação de uma notícia política ou mesmo politiqueira? Essa pergunta e outras passam a ter respostas diversas, desde expressões como “ isso tudo é mentira, eles tão ficando loucos”, “ esse pessoal é comprado, é vendido” até discursos como “ eu falei com fulano e ele disse  que tudo isso é mentira”.

          Dessa forma, a parcela de pessoas que não acessa a internet recebe informações mais distorcidas ainda dos fatos, o que pode gerar até confusões e brigas nas ruas como geralmente acontece. Isso comprova que antes de comentar ou espalhar uma notícia seja lá de quem for é preciso checar fontes, pois há famílias envolvidas, empregos em jogo, acordos rompidos, e principalmente memórias apagadas.

            Está ficando feio, mas para que a coisa não piore uma solução é possível: não começar, não dizer a primeira palavra e se possível ainda nem elogiar. Já é considerado crime curtir uma postagem que denigra a imagem de alguém ou de sua família. Ler não é crime ainda, visualizar textos não é crime, mesmo que dê coceira nos dedos para digitar um comentário maldoso, difamatório ou mesmo verdadeiro sobre o oponente. O tempo vai se encarregar de aproximar ou distanciar as pessoas, pois as palavras escritas nas redes sociais podem ser retiradas, cair no esquecimento ou mesmo copiadas para serem utilizadas em  outros momentos.

           Que tipo de políticos são as pessoas, o que valem mais são os interesses pessoais ou o coletivo, o que vem primeiro importa ou a ordem dos fatores não fará diferença? Como superar o imediatismo e pensar na construção de uma sociedade mais justa que afasta esse bombardeio de informações e esse campo minado que é a internet. Se não estão preparados para o debate civilizado nas mídias não atirem a primeira palavra, elas podem ser a antecipação de do fim da batalha.

Imagem da internet

3 Replies para “O papel das redes sociais e a política”

  1. Avatar Francisca Santos disse:

    Ótimo texto Fernando. Parabéns, bem oportuno.

  2. Avatar Mário Sérgio disse:

    Ótimo texto Fernando, reflete a realidade do momento, parabenas….

  3. Avatar CAUBI CASTELO BRANCO disse:

    Sr. articulista,
    Faço fileira às suas palavras, comungando integralmente com esse texto bastante escorreito e apropriado aos tempos de devaneios na internet.
    É isto mesmo: se as pessoas pensassem antes de escrever a primeira palavra, quiçá, não existissem tantos impropérios circulando na grande rede.
    Parabéns!

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