Em cada Município do Brasil há um Pouco de Brasília

Publicado por Gildazio em 22 novembro 2016

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     A operação LAVA-JATO se descentraliza de Brasília, onde fica a mais alta esfera do poder nacional, e começa a chegar aos estados e, se a tendência for esta, logo logo alguns prefeitos podem ser chamados para se explicar para procuradores e  juízes. Isso se deve em parte à delação premiada e aos contratos de leniência, instrumentos utilizados nunca antes com tanto êxito na história deste país desde a época de Cabral. E por falar em Cabral, não o Pedro, mas o Sérgio, ex- governador do Rio por dois mandatos, a coisa para ele não anda bem, está preso pelos mesmos motivos de vários empreiteiros: fraudes em contratos de obras e públicas com percentuais estabelecidos para desvios de recursos.

     “se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão”. Com esta letra Bezerra da Silva imortalizou o que vemos agora, um cenário de entregas. Com medo de uma condenação, empresários, empreiteiros e políticos veem a possibilidade, se colaborarem significativamente, de terem suas penas atenuadas pelos seus crimes de corrupção. Para muita gente esse instrumento é um facilitador até demais, mas considerando que tratamos de Brasil, de políticos e dos homens mais ricos do país, podemos nos certificar de que estamos vivendo um marco na nossa história. Onde é que se via político sendo preso, dono de empresa depondo. Isso também é Brasil.

     Com essa onda chegando às capitais, prefeitos e futuros prefeitos que se preparem para baque, para investigações em seus contratos e licitações. Crime é crime, não importa a estrutura de poder. O que acontece em Brasília é exemplo do que acontece nos estados e nos municípios, só mudam os valores e, às vezes, as pessoas. Essa prática é cabralina, vem desde quando o Brasil era garotinho, é um sistema de mutualismo. Como acabar com isso? Hoje é quase impossível, porque está enraizado. Algumas medidas podem ser tomadas, mas para isso acontecer é preciso vontade política acima de tudo, e o momento como o que vivemos seria uma ótima oportunidade para mudanças na própria carne.

     Dentre as medidas que poderiam ser adotadas, teríamos financiamento de campanha apenas por pessoas físicas (em prática), mandatos de cinco anos sem reeleição, eleições unificadas para todos os cargos. Medidas como estas dificultam ações de compra de votos, já que todos os candidatos estariam ao mesmo tempo em campanha e se preocupando primeiro consigo e depois, se der tempo, com os outros. O tempo ruge e acreditamos que momentos históricos como este precisam ser celebrados com toda a sociedade, para não pensarmos que vivemos mais uma época de exceções. Não precisamos acordar deste sonho de muitos brasileiros honestos, de muitos estudiosos, de muitas famílias pobres, de muitos que perderam suas vidas por um Brasil melhor. Ao mesmo tempo precisamos afastar nosso pensamento de que as mudanças só devem vir de cima, e pensarmos que moramos em municípios e que somos brasileiros acima de tudo e não desistimos nunca.

 

Imagem: Internet

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