Todos os dias temos visto nos jornais de grande circulação, nas emissoras de TV, em rádios e nos portais notícias sobre uma tal reforma da previdência.  O governo federal tentando convencer a população que é algo necessário e bom para todos, apresentando dados de um rombo catastrófico que, de fato, assusta a todos nós.

     O que o Governo não diz é o porquê de tão vultosa dívida; não fala dos milhões de reais de débito dos grandes bancos brasileiros, entre os quais o Bradesco e o Banco do Brasil; não se vê divulgadas as somas gigantescas de aposentadorias de deputados federais e senadores que não precisam de mais que dois mandatos para receberem, até a sua morte, os salários gordos que fizeram jus porque o congresso nessas e outras tantas vezes legisla em causa própria.

    Por que, então, cortar da carne dos professores, categoria que, ao meu ver, deveriam ser os mais bem remunerados, tratados e respeitados de todos. Esses profissionais que estão diretamente responsáveis pela educação de nosso povo, aquela mais abrangente possível, uma vez que muitas famílias transferem aos nossos mestres também a responsabilidade de cuidar da formação do caráter e da personalidade de seus filhos. Sao os professores que estão no dia-a-dia em escolas mal-estruturadas, com poucos ou nenhum recurso audio-visual, muitas vezes contando, somente, com uma boa-vontade que excede a compreensão daqueles que só pensam no próprio umbigo. São nossos valorosos educadores que levam, de fato, e quase literalmente, nas costas todo o sistema de formação de cidadania brasileira, uma vez que, na grande maioria das vezes, é o único braço do estado que chega até nossas crianças e adolescentes.

     Por que colocar na vala comum os policiais (e aqui faço referencia a todos eles, sejam civis, federais ou militares!), que, segundo as pesquisas, têm uma expectativa de vida de, apenas, 59 anos.

     E como sou policial militar, defendo com veemência essa categoria que é especial, não porque somos melhores ou piores, mas porque as leis nos tratam de forma diferente, para nos controlar e nos impor regras mais duras que aquelas impostas aos civis, como, por exemplo, a proibição de greve, a pena privativa de liberdade (detenção ou prisão) mesmo sem ter cometido crime, caso específico das transgressões disciplinares; temos uma jornada de trabalho que, segundo a lei, deve ser de 44 horas semanais, mas raramente cumprimos somente essa jornada, uma vez que entramos de serviço e se pegarmos um flagrante no finalzinho dele, somente voltaremos para casa no término do procedimento, independente da hora.

     A população não se deu conta ainda que nós policiais militares somo a única instituição pública que não exige protocolo de atendimento nenhum. Por exemplo, se o cidadão chegar quase morrendo a um hospital público, ele só será atendido após o preenchimento da ficha de cadastro, não é mesmo?! Pois para chamar a PM, basta um assovio no meio da rua ao ver passar uma viatura e lá estamos nós, prontos para arriscar a própria vida ao atender uma ocorrência que nem imaginamos o que pode estar ã nossa espera!

     E os inúmeros policiais militares que, além de toda a carga horária regulamentar, estão voluntariamente desenvolvendo projetos de cunho social, capacitando crianças e adolescentes a dizerem NÃO às drogas e à violência, muitas vezes atuando como único servidor público que trabalha a prevenção de forma eficiente e eficaz?!

     E sobre as idades? Imaginemos um policial militar aos 65 anos de idade em uma viatura policiai, atendendo ocorrências com infratores cada vez mais jovens e violentos, e criminosos que ficam mais cruéis a cada dia. Vamos imaginar um “senhor” ou uma “senhora”, idosos (muitos já com doenças inerentes à idade!) tendo que correr, pular muros, esquivar-se das “balas”, defender a si próprio e a outrem, numa escala de serviço apertada, …

     Não! Não se pode tentar reduzir nosso grau de importância social, tampouco aceitaremos uma reforma que atinge em cheio uma categoria já extremamente sugada, maltratada e sem o reconhecimento devido.

     Meu clamor, hoje, é que, pela primeira vez na história, nós nos unamos, todos, todas as categorias, num uníssono alto e claro de dizermos NÃO à essa reforma que tem objetivos escusos, dentre eles, jogar para os mais fracos e oprimidos toda a sobrecarga de responsabilidade pela falência dos cofres públicos, da qual nós sequer sabíamos que estava acontecendo.

     Se é para reformar, comecemos pela congresso nacional! Deputados e senadores que há muito estão por lá e que “deixaram” que chegássemos a este ponto, não merecem continuar nos representando! MUDEMOS os privilégios de poucos que, somados ao longo dos anos, somam muito mais do que precisamos para manter um mínimo para quem, verdadeiramente, trabalha neste país!