“Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No segundo dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram. Já não havia mais ninguém para reclamar.”
O texto acima é do pastor Niemöller, defensor do Nazismo em seu nascedouro, mas que, quando se deu conta desse erro, tornou-se seu adversário ferrenho, sendo condenado, por essa razão, aos campos de concentração.
O trecho traduz algo que hoje em dia está em curso na política brasileira: nosso cenário político mais parece um circo de horrores. Em Brasília, são mais de 500 deputados que se revezam na tribuna com discursos vazios, numa luta incessante pela sobrevivência de seus imensos privilégios, dando ênfase à sua perpetuação no poder. Muitos com seus sobrenomes que deixam claro que as velhas oligarquias jamais foram abaladas pela nossa democracia.
Salvo raríssimas exceções, os projetos de lei apresentados traduzem apenas interesses de pequenos nichos sociais e as emendas parlamentares são moeda (literalmente falando) de compra de apoio nas eleições. São muitas as necessidades de nosso povo, mas não é este o princípio motivador do trabalho de nossos representantes políticos.
No último dia 03 de agosto, mais uma página da história brasileira: Michel Temer (o primeiro presidente brasileiro no exercício do mandato a ser denunciado por um crime comum) garantiu o arquivamento da denúncia contra ele por corrupção passiva e, assim, manter seu mandado presidencial; isso porque, desde a denúncia, uma intensa agenda de negociações com deputados fora levada a efeito para garantir a vitória na Câmara. E eis a grande questão: qual o custo dessa “vitória”?
Nossos deputados federais, eleitos para nos representar, para lutar por seu povo, nem se acanharam perante milhões de brasileiros que assistiam ao vivo pela TV. Um dos deputados derrotados na votação disse que “preferia votar com sua consciência a ter que ficar amarrado a indicação de cargos”. Ou seja, deixou claro que aqueles que votaram a favor do Presidente Temer o fizeram em troca de favores.
E cá estamos nós, reles mortais, à mercê desses congressistas egocêntricos e egoístas; ficamos atônitos, mas passivos e mudos. E o grande problema é exatamente esse: “quando os bons se calam, os maus triunfam”!
Quem cala consente diz o ditado popular. Estão lá ha vários mandatos. Erra é humano, mas permanecer no erro é burrice. Parabéns ao eleitor brasileiro está colhendo o que plantou e por infelicidades todos pagamos.