Mais uma tragedia em escola nos deixou profundamente abalados: em Goiás, um adolescente de apenas de 13 anos efetuou vários disparos contra seus colegas, em sala de aula, matando 02 estudantes e deixando vários feridos gravemente. Supostamente vítima de Bullying, é um caso muito similar aos ocorridos em Columbine, nos Estados Unidos, e Realengo, no Rio de Janeiro, que, segundo o próprio adolescente infrator, serviram-lhe de “inspiração”.

     Muito embora alguns especialistas tenham levantado a possibilidade de ocorrência de doença mental diante de alguns indícios apontados pelos estudantes (os colegas relataram que ele se dizia “nazista” e “satanista” e sua bolsa era cheia de figuras de suástica e de satanismo…), os casos de violência escolar entre os estudantes, atualmente denominada BULLYING, têm aumentado em demasia nos últimos tempos.

     De uma forma ou de outra, os cuidados devem ser adotados para que não tenhamos mais e mais casos estarrecedores como esse de Goiânia. E tudo começa na família, uma vez que os pais sao os mais importantes pilares de uma educação plena.

     Minha filha, aos 11 anos de idade, sofreu uma certa discriminação, por parte de suas melhores amigas, porque ainda se comportava de forma muito infantil (chamavam-na de “filhinha de mamãe”, ‘bebezona”), enquanto todas as outras crianças de sua idade já avançavam a passos largos para a adolescência e suas vicissitudes de vida. Como sempre mantivemos uma relação muito próxima, percebi uma certa tristeza em seu olhar, um certo isolamento,  e não tardei em perguntar e insistir para que ela desabafasse.

     Não deu outra! A menina, em lágrimas, relatou tudo, envolta em meus braços, como geralmente fazíamos: passávamos (e ainda passamos!) horas abraçadas, conversando, geralmente antes de dormir! Aguardei (com um nó na garganta e controlando meu próprio choro ao ver que ela estava sofrendo) que falasse à vontade, e, só então, comecei a elencar tudo o mais que havia em sua vida de menina-moça que sempre lhe trouxe tanta alegria; disse-lhe que, as 03 garotas que agora a excluíam do grupo (formado ainda no maternalzinho) não eram as únicas disponíveis para serem amigas; que, em sua sala de aula e em toda a escola, muitas outras crianças estavam só esperando um passo dela para tornarem-se suas amigas. E, mais que isso, seus familiares seriam, sempre, suas melhores e insubstituíveis amizades.

     Aos poucos, as lágrimas dela deram lugar a um sorrisinho meigo e ela me olhou com um misto de satisfação e contentamento. Não sei ao certo o que se passava naquele instante naquela cabecinha, mas, em poucos dias, o seu comportamento voltou a ser aquele que se mantém até hoje, já com 15 anos. E o mais impressionante, é que, desde entao, as amizades de minha filha diversificaram-se, e ela mantém laços com adolescentes de outras turmas e até de outras escolas, inclusive do sexo masculino, com quem vejo grande desenvoltura e companheirismo.

     Até agora, não existe uma fórmula mágica ou exata de educação,  mas, certamente, posso apontar sem nenhum receio de errar, que a presença dos pais é condição sine quo no para a construção de uma personalidade mais equilibrada.

     No evento do Goiás, o adolescente não tomava banho há dias, motivo pelo qual era chamado de “fedorento”. Será que os pais não perceberam isso?! Bullying ou surto psicótico, os pais e a sociedade precisam enfrentar esses problemas de suas crianças e adolescentes de frente porque ambos  podem levar a tragédias menores ou maiores que essa.