ERA UMA VEZ…
Publicado por Gildazio em 26 abril 2018Era uma vez… uma família muito humilde, que morava à beira de um rio. Seu João, o patriarca, era um oleiro, que tinha como maior patrimônio uma carroça e um burro para transporte dos tijolos que fabricava na companhia de alguns vizinhos.
Certo dia, o animal morreu. OS companheiros de trabalho levaram as mãos à cabeça, preocupados: como iriam levar o produto ao seu destinatário, uma vez que a força motriz do transporte já não existia?!
Mas Seu João Lourenço nem sequer titubeou… colocou as alças que seguravam a carroça sobre seus ombros e fez às vezes do burro que morrera. Puxou a carroça por vários quilômetros, deixando seus companheiros deveras admirados da coragem daquele homem, o típico nordestino, que, ao longo de sua vida, foi também ajudante de pedreiro, pedreiro, magarefe, motorista de taxi, pescador, construtor de canoas, comerciante, vaqueiro…
Seu João era aquele sertanejo do “tempo do fio do bigode”… sua palavra valia mais que um cheque, ele dizia. Exímio pescador, ensinou outros amigos o “caminho dos peixes”. E foram muitas as vidas que salvou quando estavam a se afogar nas águas do rio que conhecia como ninguém; aquele rio que lhe dera o sustento da família por longos anos!!
Praticava a solidariedade de forma inigualável: se via um mendigo passando em frente à sua casa, dava-lhe comida, sendo raras às vezes em que sua família almoçava sem um convidado. Dizia ele: “Passando por minha casa, pode apear! Aqui não se morre nem de queda de rede, nem de bucho inchado!”. E ele era um homem de fé, cria num Deus que tudo pode, e tinha por advogado Sao Francisco, de quem era devoto.
Seu João teve 9 filhos, que jamais passaram fome. E ele lhes repassou muitos ensinamentos, sobretudo com seu exemplo. Por lógica humana, cometeu erros.. aprontou com algumas mulheres… brincou… sorriu,.. chorou…! E ele gostava de Luiz Gonzaga, que, ao ouvi-lo, na radiola, puxava sua esposa, a quem carinhosamente chamava de “Mainha”, para dançar um xote, levando a filharada às gargalhadas!!
Ele acreditava na Educação! Falava: “Meus filhos, Deixar-lhes-ei algo que jamais poderão tomar de vocês: o conhecimento!!” E incentivou todos a estudarem, vez por outra usando o cipó de marmeleiro para orientar aqueles que não eram tão afetos aos livros.
E eu… sou a filha mais nova desse homem, cujos princípios ecoam em meu ser, impulsionando-me a cada segundo de minha vida.
Muitas vezes tive que tomar o lugar do “burro”e puxar a “carroça” nas atividades que me propus a desenvolver. Não gosto de ficar esperando os outros fazerem!
E é por isso também que Ingresso na política!
Estou com aquela vontade louca de fazer acontecer, porque não sou do tipo que leva as mãos à cabeça com lamentos porque o burro morreu!
Tenho visto, nos últimos tempos, muitos lamentos em relação aos políticos que aí estão. Muitas pessoas dizendo que irão votar em branco ou nulo. Mas, ao meu ver, isso é chorar a morte do burro e nada fazer para que o trabalho seja desenvolvido, ora!!
Então eu, mais uma vez, vou imitar meu falecido pai: irei fazer às vezes do burro, e irei puxar essa carroça que conduzirá nossos destinos. Ela é pesada, muito pesada! E alguns já estão até rindo de mim, com as alças ferindo meus ombros… outros jogarão pedras quando eu passar, machucando meu corpo franzino… E muitos colocarão obstáculos para que a carroça não ande!!
Mas, EU CREIO, no meio do caminho, surgirão milhares e milhares de piauienses, cujos princípios se equivalem ao do Seu João Lourenço, de origem humilde como a nossa, que correrão em meu socorro, e ajudarão a empurrar essa carroça.
E aqueles que riram de mim ou que me jogaram pedras já não poderão nos fazer mal algum… nem a mim, nem ao nosso povo sofrido, oprimido, abandonado e enganado há tantos anos.
É bem assim que me vejo na política! Serei um burro, se preciso for! Mas com a sapiência para conduzir os sonhos de toda uma nação!!!