Em um programa de TV, há poucos dias, um apresentador se desdobrava em elogios a alguns gestores do governo do estado do Piauí, e, não fosse o conhecimento da realidade piauiense, até eu teria me convencido de que estaríamos vivendo num paraíso.

     Corre a “boca miúda”, nos bastidores do poder, que um único secretário de Estado tem, nos quadros de sua pasta, cerca de 200 profissionais da mídia, dentre os quais jornalistas, blogueiros, apresentadores de televisão, e, por óbvio, contratos milionários com as emissoras TV, rádios e portais.

     Mas essa prática é antiquíssima, sendo a imprensa historicamente conhecida como o “4º poder”, muitas vezes definindo os rumos das eleições brasileiras, “construindo” heróis e salvadores da Pátria, embora, com o tempo, as máscaras caiam e nos reste o sabor amargo das escolhas direcionadas pela mídia.

     E neste ano de eleições, mais uma vez assisto estarrecida reportagens pagas para ludibriar nossa gente, rasgando o código de ética da categoria em troca de uns trocados.

     Fala-se muito nas fakenews, com foco nas redes sociais; porém, muito embora haja de fato esse perigo, para mim, pior que essa ferramenta de internet, são essas falcatruas acordadas nos gabinetes dos grandes grupos da comunicação piauiense, porque, queiramos ou não, a TV ainda é a campeã da área!

     Há, inclusive, um programa em diário em horário nobre, onde o apresentador é um suplente de deputado federal, exercendo o mandato nessa condição, declaradamente pré-candidato para o pleito 2018. O cidadão passa 1 (uma) hora falando de si mesmo, praticamente um programa eleitoral particular, mesclando suas falas com críticas a alguns concorrentes.

     Convenhamos! Essa é um concorrência desleal para os outsiders da política piauiense. Não é à toa que as pesquisas o apontam entre os primeiros colocados, perdendo, apenas, para aqueles pré-candidatos que já têm mandatos e que passaram quase quatro anos à frente das secretarias de estado com maior poder econômico, e, que estão no rol dos contratantes dos meios de comunicação!

     É dito popular: quem não é visto não é lembrado. Ora, se todos os dias a imprensa só fala e mostra o fulano e o sicrano, se nem ao menos a população sabe quem são os outros pré-candidatos, é obvio que numa pesquisa, somente esses nomes pontuarão!

     Mas a historia também mostra que nem sempre essa estratégia dá certo. E, vez por outra, o povo age com a soberania que lhe é atribuída por nossa Carta Magna e faz valer a sua vontade. Vamos aguardar o que acontecerá no dia 7 de outubro de 2018.

Imagem: Internet