Coluna da Major Elizete – Arma, pra que te quero!?
Publicado por Gildazio em 15 março 2019
Sobretudo após a tragédia de Suzano, região da grande Sao Paulo, onde um adolescente e um adulto mataram, com armas de fogo, 11 pessoas e deixaram várias outras feridas, uma verdadeira tsunami de opiniões invadiu as redes sociais sobre uma eventual mudança no Estatuto do Desarmamento.
Alguns, os mais afoitos, defendiam a tese de que, se os professores estivessem portando armas, poderiam ter impedido várias mortes; que a possibilidade do porte de armas ser concedida mais facilmente a qualquer cidadão poderia, até, inibir a ação dos criminosos, diante da mera dúvida sobre encontrar ou não a resistência de alguém armado.
De outro lado, inúmeras manifestações de pessoas defendendo que mais armas nas ruas significariam mais mortes, afinal, para que servem as armas de fogo senão para matar? Sobre os professores, muitos dos quais já atuam como psicólogos, assistentes sociais, e até pais, a função de segurança seria mais uma atribuição que eles não estariam dispostos a acumular.
Entretanto, uma questão ainda maior se esconde sutilmente por trás de ocorrências como essa: os porquês que levaram os infratores a cometerem atos tão aterrorizantes.
Segundo a mãe do adolescente assassino, ele abandonou aquela mesma escola porque sofrera bullying por parte dos colegas, uma modalidade de violência que faz vítimas todos os dias, sobretudo no ambiente escolar. Muitas vezes, as agressões são em forma de brincadeiras de mal gosto, lideradas por um pequeno grupo, que se espalha por toda a comunidade escolar muito facilmente, e que fere e machuca de tal forma que podem levar ao suicídio… ou a assassinatos! Isso nos leva a questionar os padrões que estamos impondo a esta sociedade moderna, cheia de tecnologia e de pouca conivência familiar.
Na verdade, o bullying sempre existiu nas escolas. Quem nunca recebeu um apelido ou passou por uma situação vexatória diante dos colegas, na infância ou adolescência? Mas a forma de reação depende da estrutura emocional e psicológica de cada um, reflexo, primeiramente, da educação familiar, e, depois, das relações sociais que vamos desenvolvendo ao longo da vida.
Portanto, muito mais importante que a discussão sobre as armas, parece-me, é o grande desafio de restabelecermos princípios éticos e morais no seio da família, nós mesmos, vivenciando-os na prática; e verificarmos se os sentimentos envolvidos entre os familiares e os ensinamentos que estamos concedendo aos nossos filhos são capazes, ou não, de contribuir para a formação de um cidadão seguro, responsável e empático. Porque arma de fogo foi feita para matar, mas ela só de dispara se alguém apertar o gatilho!
Imagem: Internet