Esse Tal Empoderamento Feminino
Publicado por Gildazio em 09 maio 2019
Muito tem se falado do empoderamento feminino e do quanto as mulheres têm conquistado espaços que há 50 anos eram inimagináveis.
De fato, temos boas histórias de vida para servirem de exemplo e estímulo; porém, o caminho a percorrer é longo e árduo para aquelas que ousam contestar o sistema, enveredar-se em carreiras eminentemente masculinas, sonhar com isonomia de direitos, ou, simplesmente, desejar respeito.
Por esses dias, um Deputado Estadual de Santa Catarina, em seu pronunciamento na Assembleia Legislativa de seu Estado, trouxe à tona o velho preconceito machista; segundo ele, a mulher que usar roupas provocantes no meio da rua, como uma minissaia, por exemplo, não poderá se queixar de um eventual estupro, remetendo à vítima a culpa pelo crime. Se assim fosse, no oriente médio não haveria estupros, já que as mulheres se vestem com a burca, onde só aparecem os olhos!
Mas esta é a ponta do iceberg!
Na verdade, as oportunidades, para nós mulheres, são sempre mais difíceis, em tudo. O mundo ainda é dominado por homens e quando alguma mulher consegue um certo destaque, eu vibro e fico imensamente feliz… mas fico imaginando o que ela teria passado para chegar até ali.
Embora a mulher se desdobre para mostrar resultados, que haja predisposição a integrar uma equipe de confiança… ser mulher é um empecilho. E quando ela consegue algo, logo vem a pecha de que conseguira porque teria “se utilizado da condição de mulher”, para não usar a expressão grosseira de que geralmente as mulheres são vítimas.
E se essa mulher consome bebida alcoólica e não frequenta rodas de bares… aí tudo fica praticamente impossível!!
No código de FILIPINO, de 1732, a mulher que cometesse adultério seria punida com pena de morte; No código criminal do império, somente a MULHER poderia cometer adultério e a pena era o trabalho forçado de 1 a 3 anos; no Código penal dos Estados Unidos do Brasil – 1890 – a mulher casada era gente de adultério e o có-réu marido somente se em flagrante delito e com provas de documentos por ele descrito. Somente com o advento do Código penal de 1940 é que ambos os cônjuges passaram a ser autores na ação de adultério (que deixou de ser crime em 11.106 de 2005).
Na esfera cível, até 1962 a mulher era tratada como semi-incapaz. Não tínhamos direito ao acesso às universidades, nem ao voto! Foi somente com a Constituição Federal de 1988 que conseguimos (ao menos da lei) a tão sonhada, desejada e necessária igualdade.
Em tempos hodiernos, já tivemos, até, uma mulher na presidência da República e do Supremo Tribunal Federal, e muitas outras posições de destaque.
Mas, ainda vivemos situações que nos lembram, e muito, a época em que as mulheres precisavam de permissão dos maridos para trabalhar. Se olharmos o cenário politico, dificilmente encontraremos uma mulher que tenha conquistado o mandato sem a ajuda do seu sobrenome. Esta é uma área ainda dominada plenamente pelos homens…!
Mesmo assim, é fato é que esse empoderamento já existe.
Nem sempre empoderar-se significa conquistar um cargo de excelência em uma empresa ou no serviço público. Eu considero até melhor e mais importante ver uma mulher impor-se como ser humano diante de todos, exigindo o mesmo respeito, amor e cuidados que ela dispende aos outros, seja o pai, o irmão, o filho, o marido… ou o chefe.
Outro dia uma senhora, no alto de seus 65 anos, disse-me, entusiasmada, por ocasião de uma de minhas palestras: “Major, quando casei, meu marido não levantava nem para pegar água na geladeira; hoje, ele lava a louça!” – Muitos assistentes riram, mas essa fala demonstra o quanto nosso mundo está mudado…e continua mudando.
Imagem: Internet
Excelente texto Major, admiro a pessoa que é e as suas lutas diárias para melhorar esse mundo tão violento e perverso. Nós mulheres vivemos amedrontadas, do que pode acontecer a qualquer momento, infelizmente somos vulneráveis, pois estamos cercadas de más intenções e julgadas quando queremos nos livrar delas. Mulheres morrendo como se fossem um nada, apenas por morrer, espero sem mais demora que o mundo enxergue o quanto somos fortes, firmes, inteligentes, maravilhosas e possamos ser tratadas como seres humanos valiosos e não meros “objetos”.