O FINS JUSTIFICAM OS MEIOS?

Publicado por Gildazio em 19 junho 2019

     A justiça brasileira, para ser levada a efeito, deve ser desenvolvida imprescindivelmente sobre o tripé: Ministério Público, Advogado e Juiz. O promotor /procurador é o agente encarregado de acusar, apresentando a denuncia munido de provas capazes de corroborar com sua tese; o advogado/Defensor Público é responsável pela defesa do acusado, exercendo, sobretudo, o Princípio da Ampla Defesa e do Contraditório; e, o Juiz, de forma imparcial, julgará.

     Ser juiz é uma tarefa muito difícil. São vidas que estão em jogo, e, quase sempre, haverá uma parte descontente. Mas nem por isso o magistrado pode se deixar influenciar por qualquer dos interesses conflitantes, sob pena de incorrer em ilegalidade. E é a própria lei proíbe a parcialidade do juiz.

     No caso “Moro/Lula”, sem entrar no mérito da existência ou não de conduta criminosa do ex-presidente, com as denuncias do site Intercept Brasil de que o juiz e o procurador trocavam mensagens colaborativas para a condenação do acusado (e que não foram refutadas de imediato como falsas!), restou claro o envolvimento do magistrado no processo de acusação e até na produção de provas contra Lula, o que torna viciado o processo como um todo. Porque um Juiz não deve se envolver com nenhuma das partes; se estiver inclinado prematuramente à condenação ou à absolvição do réu, deve-se considerar suspeito e afastar-se do caso!

     Expressões do tipo “os fins justificam os meios” não cabem no mundo do direito. E ainda bem! Porque os adeptos dessa corrente só a defendem porque não estão no pólo passivo dessa ação penal. Se se colocassem por um segundo no lugar de um acusado onde o juiz já estivesse predisposto a condenar-lhe, trocando figurinhas com o promotor sobre a melhor forma de atingir a condenação, talvez pensasse duas vezes antes de tomar partido nessa guerra política. Sim, política! Porque tudo culminou com o resultado das eleições, sobretudo por excluir do processo eleitoral aquele sobre quem recaiu a condenação.

     Ratifico que este texto não se trata de defender a inocência de Lula, tampouco sua condenação. Trata-se da defesa do Estado Democrático de Direito, da Constituição Federal!

     É meu direito, e de todos nós, ter a certeza que, se acusada for, terei um julgamento justo!

     Há quem possa dizer: “Ah, só sofrerá essa injustiça quem cometer ato ilegal!” – vejam o risco desse pensamento! Isso pode nos levar de volta aos tempos sombrios do totalitarismo, da ausência até do rito processual, uma vez que bastasse ser acusado para ter-se a condenação!

     Não nos esqueçamos: qualquer um de nós pode se ver envolvido em um processo judicial, ainda que sejamos totalmente inocente!

     Todos querem nosso país limpo da corrupção, próspero e capaz de proporcionar segurança, saúde e educação aos seus cidadãos… eu também sonho com isso! Mas a história nos mostra que os “salvadores da Pátria” geralmente se convertem em ditadores que se acham acima do bem e do mal, e que, facilmente, atravessam a linha da legalidade, porque a lei, para eles, pode “atrapalhar” os seus planos de salvar o mundo. E quem nos salvará deles?!

 

imagem internet

Uma respota para “O FINS JUSTIFICAM OS MEIOS?”

  1. Avatar Carrapicho disse:

    No nosso país infelizmente as leis foram feitas para proteger os poderosos. o maior exemplo é a tal da prisão só depois da famigerada regra, “comprimento de de pena, somente no transitado em julgado”. Isso vai até as instâncias superiores. as penas até prescrevem tamanho quantidade de recursos. Sabemos que só recorre as instâncias superiores quem tem muito “didim”. Ou seja, essa regra não vale pro pobre. No caso acima citado em sendo verdade os fins justificam os meios sim.

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