O município de Buriti dos Lopes, no norte do Piauí, tem vivido nos últimos anos um crescimento expressivo na produção de soja, impulsionado pela expansão do agronegócio na região do Matopiba — fronteira agrícola que abrange partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Com terras planas e de custo relativamente baixo, o município se tornou atrativo para grandes produtores, atraindo investimentos e promovendo mudanças significativas no cenário rural.

     Apesar dos ganhos econômicos, o avanço da soja tem acendido o sinal de alerta entre ambientalistas e comunidades locais. O desmatamento de áreas nativas do Cerrado, o uso intensivo de agrotóxicos e a degradação do solo são alguns dos principais impactos ambientais apontados por especialistas.

“Estamos vendo um crescimento acelerado da monocultura, muitas vezes sem os devidos estudos de impacto ambiental. Isso pode comprometer os recursos naturais da região em médio e longo prazo”, afirmam ambientalistas que acompanha o avanço da agricultura no norte do estado.

     Outro problema recorrente é o uso de defensivos agrícolas. A soja, por ser uma cultura de larga escala, exige grandes quantidades de agrotóxicos, o que tem gerado preocupações quanto à contaminação de rios, córregos e aquíferos. O solo também sofre com a compactação e erosão, resultado de práticas agrícolas pouco sustentáveis.

     Além dos danos ambientais, o crescimento da produção de soja em Buriti dos Lopes tem provocado tensões sociais. Pequenos agricultores e comunidades tradicionais relatam dificuldades para manter seus modos de vida diante da pressão por terras. Em algumas áreas, já há registros de conflitos envolvendo posse de terra e acesso à água.

     “Aqui a gente sempre viveu da roça pequena, do milho, da mandioca. Agora estão cercando tudo com soja. O barulho das máquinas não para, e o veneno chega até no nosso quintal com o vento”, relata Raimundo Lopes, agricultor familiar da zona rural do município.

     Especialistas defendem alternativas que conciliem a produção agrícola com a preservação ambiental. Entre as sugestões estão o incentivo à agricultura familiar, o uso de tecnologias sustentáveis e a criação de áreas de preservação permanente. Para eles, o desenvolvimento da região não pode ocorrer à custa da destruição de seus ecossistemas.