Ressignificação em Duas Fases: Praça da Igreja Matriz de Buriti dos Lopes Retoma sua Vocação Histórica Após Reorganização do Comércio Informal

Publicado por Gildazio em 11 abril 2025

     Por anos, a Praça da Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios foi palco de um novo capítulo silencioso da história de Buriti dos Lopes. Conhecida por sua importância religiosa e cultural, o espaço acabou abrigando, ao longo do tempo, um comércio informal que passou a representar o sustento de dezenas de mulheres empreendedoras: as cafezeiras.

     Essas mulheres, com suas barracas improvisadas, transformaram a praça em ponto de encontro diário para quem buscava café quente, bolos caseiros, tapiocas e conversas acolhedoras. Mais do que vender alimentos, as cafezeiras criaram um ambiente de proximidade e solidariedade, ressignificando o espaço público com trabalho e dignidade.

     Mas a presença crescente das barracas, embora carregada de valor humano e social, acabou por descaracterizar o espaço original da praça, ofuscando sua função simbólica como extensão da Igreja Matriz — um dos marcos históricos e espirituais da cidade.

     Foi nesse contexto que a Prefeitura Municipal, em diálogo com as próprias cafezeiras, iniciou um processo de reorganização do comércio informal. As vendedoras foram transferidas para um novo espaço mais adequado, estruturado com melhores condições de trabalho, higiene e conforto. A mudança representou não apenas uma conquista para as trabalhadoras, mas também um passo importante para a valorização do espaço urbano.

     “Hoje temos um local adequado, com estrutura decente, onde podemos continuar trabalhando com dignidade e segurança”, afirmou uma das cafezeiras. “Foi difícil deixar a praça, mas entendemos que era necessário. Agora temos um lugar só nosso.”

     Com a retirada das barracas, a Praça da Igreja Matriz voltou a respirar sua vocação original: lugar de contemplação, encontros comunitários e manifestações culturais e religiosas. O espaço agora retoma seu papel como símbolo da identidade buritiense.

     A ressignificação do espaço, nesse caso, se deu em duas etapas: primeiro, como território de resistência e trabalho informal; depois, como o retorno à sua essência histórica e espiritual, sem que uma etapa anulasse a outra. Ao contrário, o processo revelou a capacidade da cidade de se adaptar, ouvir sua gente e conciliar tradição com necessidade social.

     Buriti dos Lopes reafirma, assim, o valor do espaço público como patrimônio coletivo, vivo, em constante transformação — onde cada fase deixa sua marca, sua memória e seu sentido.

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