Brejo do Espírito Santo: Aspectos Gerais.

Publicado por Erasmo Marcio Falcão em 25 maio 2016

          O Brejo do Espírito Santo está acerca de 32Km de distância do centro de Buriti dos Lopes. É um manancial preservado cingido por estrondosos Buritizais, árvores típicas e mata conservada. Patrimônio Natural Cultural Material, nada obstante, sustenta água somente nas suas nascentes que não secam, mas que, não mais fluem em córregos como algumas décadas atrás. Localizado no entorno da grande região do Salgadinho, comunidade Espírito Santo, zona rural. Trata-se de um brejo de buritizais e inúmeras espécies de árvores análogo ao que já foi um dia o Brejo de Buriti dos Lopes. É uma área ambiental preservada compartilhada por proprietários particulares diferentes.

           Em busca de atuações que possam ajudar a revitalizar o Brejo de Buriti dos Lopes, ABACC – Academia Buritiense de Artes Ciências e Cultura, no dia 27 de Fevereiro de 2016, realizou a Expedição ABACC Branquinhas e Brejo do Espírito Santo. Uma expedição de caráter científico às comunidades Branquinhas e Espírito Santo.

          A intenção desta investigação concerne encontrar um sítio de gravuras rupestres e um brejo de buritizais em excelente estado de preservação ambiental identificado pelo Projeto de Educação Patrimonial – Fotografia Escolar: Nosso Patrimônio em Fatos e Fotos. Realizado pela escola municipal Unidade Escolar Nossa Senhora de Fátima – UnENSFa, de modo que a instituição pudesse conhecer e estudar estas áreas. Trataremos posteriormente sobre o sítio de gravuras rupestres identificado na comunidade Branquinhas. Em primeiro, a visita à comunidade Espírito Santo, objetivando obter elementos e subsídios que suportem socorrer e revitalizar o brejo degradado da zona urbana. Nada mais coerente do que estudar uma área preservada para poder ajudar outra semelhante em degradação.

ABACC Teve como anfitrião o professor Odair José Silva de Sousa, nativo na região e conhecedor ímpar do recém identificado patrimônio. Próximo ao acesso do brejo, a Academia foi recebida na casa de seu Leonardo Alves Ribeiro, dono de parte da área que compõe o brejo e guia da Expedição ABACC seção Brejo do Espírito Santo. Seu Leonardo nos mostrou a parte de sua propriedade que emula os buritizais. Pudemos ver apenas as copas das árvores, à distância, do terreiro de sua casa próximo à estrada. Seu Leonardo, conseguinte, nos levou a outra propriedade onde haviam muitos elementos interessantes para serem vistos. Esta propriedade pertence ao Senhor José Domingos, filho da região, mas, reside em Parnaíba. O proprietário tem postura e inteligência naturalista assaz desenvolvida, pois, no que compete à sua área que compreende o brejo, ele não mede esforços para manter o local preservado. O Senhor Leonardo relatou que o vizinho não corta nenhuma árvore e até as cercas da propriedade foram erguidas com madeira comprada de outra região.

           Ainda na primeira visita a este brejo com os alunos da UnENSFa, tive o privilégio de conversar com o Senhor José Domingos. Na ocasião, relatou que deseja transformar o lugar em uma área de soltura de animais silvestres licenciada pelo IBAMA. Um local adequado e seguro de forma que possa acolher os animais abandonados ou apreendidos por maus tratos e contrabando de espécies raras ou em extinção.

Da entrada da propriedade até o brejo fomos margeados por uma interessante estrutura de pedras, uma edificação de pedras, segundo o Senhor Leonardo, é um antigo muro de pedras feito ainda na época dos escravos, Isto denota que no local deveria ter havido uma antiga fazenda imperial protegida por um grande muro de pedra, típico destas fazendas da era do Império (exige uma investigação mais específica, contudo, estes indícios são sobremodo contundentes). Próximo encontra-se uma construção habitacional em ruínas, é uma antiga casa de farinha. Podemos perceber o forno e os tanques utilizados no processo de produção. Há um velho caixão de madeira de grandes dimensões abandonado, utilizado provavelmente para armazenar farinha.

Pouco mais, adentrando ao brejo, chegamos o manancial d’água em forma de cacimba, uma verdadeira maravilha natural com água cristalina minando, porém, de pouca vazão, mas que, segundo seu Leonardo nunca secou. Narrou o professor pesquisador Odair José, que frequentava o lugar quando criança, a nascente jorrava forte, o brejo era pantanoso e o solo coberto por córregos d’água. Pretendia-se otimizar a terra para a agricultura e os remotos moradores construíam aleiras, fileiras elevadas de terra, isto por conta do alagadiço. Pode-se ver valas antigas remanescentes destas aleiras, porções de terra não submersas para o plantio de mandioca, reveladas pelo professor pesquisador Odair.

O lugar conserva enormes árvores, sinal de mata preservada, pode-se verificar uma flora diversificada em número de espécies, evidenciando os buritizais, porém, até o presente momento, ainda se trata de uma região de grande carência de estudos neste sentido. Mostra indício de uma população considerável de animais silvestres, devido o fácil acesso à nascente d’água para beber e dado a quantidade de pegadas diferentes avistadas durante as caminhadas. Foram identificadas pegadas de tatus, enxergados enxames de abelhas e até mesmo excrementos supostamente de veado, um animal em risco de extinção e extremamente arisco à presença de humanos, mais um indicativo de que o local mantém intacto seu caráter primitivo.

Cruzando a margem mais alta do brejo transpassa um riacho não perene com rochas areníticas brancas de grande teor arenoso que fácil se esfarelam em grânulos de quartzo, geralmente, arenitos são rochas sedimentares clássicas, isto é, originadas do acúmulo e consolidação de sedimentos de granulação de areia com dimensões que variam de 0,02 a 2,0 mm. Dentro de seu leito e a cima no curso do riacho num pequeno lajeiro de dureza um pouco maior, dureza é uma propriedade mecânica da matéria sólida que determina sua resistência ao risco, uma rocha é mais dura que outra quando esta é capaz de fazer uma incisão, risco, a outra. Nesta rocha encontramos um pilão talhado na rocha supostamente feito por habitantes primitivos. Um fato bastante curioso posto que outro pilão semelhante a este, situado no Complexo Geológico Porão do Japão foi identificado, lá também foram encontradas pinturas rupestres. Estas semelhanças nos leva a algumas hipóteses de que possivelmente possa haver alguma relação com os dois sítios arqueológicos. Teriam sido feitos por povos homeomorfos de mesmo período ou períodos próximos?  Seguem as mesmas tradições de arte rupestre? Ou são apenas coincidências de povos sem nenhuma relação? Cabe uma investigação mais aprofundada. Sabe-se que os povos primitivos que habitavam estas regiões eram de tribos nômades e que estavam em constante busca de locais de refúgio, com água em abundância e comida fácil, elementos comuns aos dois lugares.

          O que sustenta esta hipótese é um complexo de rochas areníticas nas proximidades do brejo com pinturas rupestres, prova substancial da presença do homem primitivo. Segundo alguns estudos, as pinturas rupestres provavelmente tenham sido feitas no período paleolítico dada a analogia com outros sítios estudados.

          De acordo com Seu Leonardo, em um desses afloramentos rochosos há uma grande pedra chama pelos moradores da comunidade por “pedra do letreiro”, mesmo nome do sítio arqueológico de pintura rupestre situado entre Buriti dos Lopes e a Lagoa Grande. Conseguimos encontrar uma grande rocha, porém não era um suporte que atinha pinturas. Quando da primeira excursão com os alunos da UnENSFa, uma grande rocha em forma de semi-abrigo foi encontrada muito possivelmente utilizada pelos povos primitivos em paradas “forçadas” para descanso ou dormida, nela havia uma parede com pinturas rupestres de difícil visualização e em estado de degradação, provavelmente seja a tal pedra que Seu Leonardo se referia. Na ocasião, este sítio foi encontrado e registrado com fotos e vídeo.

Pintura rupestre antropomórfica encontrada na parede interna de uma semi-gruta em rocha arenítica próximo ao brejo nomeado como Sítio Arqueológico de Pintura Rupestre Espírito Santo I.

          A vegetação onde estão estas rochas, embora perto, diferencia do brejo. É caracterizada por campo de cerrado e caatinga arbustiva e muitas espécies espinhentas. Foram coletados algumas espécies para estudo e uso de ornamentação.

          O Brejo do Espírito Santo não está de todo livre da ação e interferência do homem, é um patrimônio que precisa ser cuidado e preservado para que nossos descendentes possam ver, visitar e se orgulhar de seu povo que soube trabalhar para deixar vivo o meio ambiente onde vivem.

 

3 Replies para “Brejo do Espírito Santo: Aspectos Gerais.”

  1. Avatar Sandra Maria disse:

    Grandiosa matéria , apesar que nosso nosso brejo esta morrendo ,porque “uma andorinha só não faz verão”.Não é impossível acreditar que nosso brejo seja revitalizado e seja lindo e exuberante como esse da localidade Espirito Santo que eu particularmente não conhecia e é de se orgulhar !!

  2. Uma iniciativa importantíssima, o meio ambiente necessita ser preservado e devem ser criadas áreas de preservação permanente, fazendo valer as leis de proteção ambiental. Viva esse grupo.

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